domingo, 30 de outubro de 2011


  O relógio do boteco da esquina soava 23:30, eu estava perdida e sozinha -novamente- numa daquelas noites frias de uma sexta-feira, dei uma última tragada no meu cigarro quase termino e amassei-o com meu salto agulha 15. Ele havia partido e tive que aceitar, já não havia mais motivos para continuar ali. Ir para casa repetiria mais uma daquelas típicas cenas de insônia e vodka na cozinha ao som de Guns N' Roses, sem escolhas, segui meus amigos que aterrorizavam as ruas de Londres, como um bando de vagabundos que como eu, não voltariam para casa.
  -Triste de novo? -perguntou alguém que eu já vira várias vezes no colégio, porém não me recordava do nome.
  -Não. -menti, sinicamente, e dei um sorriso pouco enganador.
Cansada demais para continuar, parei, deitei em um dos bancos da praça e observei as estrelas que iam se apagando a medida que as horas passavam. Acendi outro cigarro e fiquei ali paralizada por um tempo não cronometrado. Uma nostalgia de algo que nunca aconteceu tomou conta das minhas memórias e dormi ali mesmo. Mas, aquela insônia voltou, e a cena típica se repetiu.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Era mais um daqueles dias tristes, sentada na janela contando as gotas de chuva que escorriam pela vidraça da janela. Já não havia lugares para qual olhar, tudo parecia vazio e distante. As coisas pareciam não tomar rumo, e ela estava -novamente- sozinha.

domingo, 26 de junho de 2011

Ponho minhas mãos ossudas à ligar a cafeteira. Arrasto a cadeira do conjunto de mesa envelhecido e sento-me perto da janela, era em torno das 5:34 da manhã, não havia nada além do som do café sendo feito e do silêncio. Aqueles mesmos afazeres, os mesmos sons e o mesmo cenário. Vejo minha vida passar como num filme antigo, daqueles que nunca fizeram sucessos, de desinteresse público. Sirvo-me do pouco café que fiz, e lendo as folhas do jornal em cima da mesa de madeira, ligo o rádio velho para servir de trilha sonora.

sábado, 18 de junho de 2011

-Não pule.-disse ele, parado na cobertura do último andar do edifício.
-O que faz aqui?-disse ela, olhando para trás e quase perdendo o equilíbrio.
-Impedindo você de cometer..-parou. olhou ao seu redor e continuou-um erro.
-E porque se importa?
-Não sei.
-Então me deixe sozinha.
-Por que você perdeu sua fé?
-Só estou cansada de esperar por algo que nunca vem.
-Mas eu estou aqui agora.
-Você..-Ela não conseguiu terminar a frase. Ele a tinha convencido de alguma forma.
-Me dê sua mão, e vamos sair daqui.-disse ele.
-Se eu pulasse, o que iria fazer?
-Eu pularia também.
-Mas isso seria loucura.
-Você pularia porque perdeu as esperanças, eu pularia porque não conseguiria viver sem você.
(Silêncio)
-Me abraçe.-disse ela, apertando-o e deixando lágrimas percorrer em seu rosto.
-Vou leva-la para casa.

domingo, 12 de junho de 2011

E nessa sala vazia, sem cheiro e sem graça o único barulho que reina é o coração palpitante dela, batendo com força no peito, reabrindo as feridas que um dia - talvez- possam cicatrizar.
 Tem sido dias difíceis. E aquelas folhas de papel em branco do outro lado do quarto em cima da escrivanhinha, esperando para que eu mergulhe a caneta na tinta preta e escreva de cada recordação; Mas estou prostada aqui, nesse chão frio e úmido do açoalho ao lado do sofá desbotado cor de café, lembrando de como doeu, como ainda dói.